quarta-feira, 26 de maio de 2010

EU VOLTEI - MÃE E ESPOSA



Eu cheguei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo
Minhas malas coloquei no chão
Eu voltei!... (Roberto&Erasmo).







Fiquei, namorei, juntei, procriei e formamos uma linda família - os Dutra Almeida - a filha já está registrada oficialmente... a união, em breve, a curto prazo. Temos: Danielle Rodrigues Dutra (futura Danielle Rodrigues Dutra Almeida - não vou tirar o Rodrigues do meu avô Pedro do meu nome), André Luís Silveira de Almeida e Kaila Dutra Almeida (essa escolheu a família a dedo mindinho)...

Como meu blog tem o foco de viagens e músicas, voltei a escrever porque iniciei uma nova vida e estava em busca da nova identidade de música/viagens; viagens/músicas. Como fizemos nossa primeira viagem, agora falo de viagens com bebê, crianças, família e loucos. As músicas continuam na mesma linha, porém mais sensívieis e selecionadas. Isso é só para poucos e loucos!
Logo conto como foi a primeira viagem (para Arembepe, Camaçari, Bahia) e o primeiro contato com o mar da Kaila, com conexões diversas.
Quando o coração está aberto e desapegado, o sonho de vida se torna realidade.
Namastê

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

COISAS QUE EU SEI

Quando comecei o blog disse que além da minha paixão por viajar eu também amo música. E essa composição de Dudu Falcão interpretada por Danni Carlos (xará) me descreve em muitos aspectos, principalmente o momento em que me encontro - Coisas Que Eu Sei... As fotos de minhas viagens e encontros com amigos monstram isso nitidamente...


Eu quero ficar perto
De tudo que acho certo
Até o dia em que eu
Mudar de opinião
A minha experiência
Meu pacto com a ciência
Meu conhecimento
É minha distração...







Coisas que eu sei
Eu adivinho
Sem ninguém ter me contado
Coisas que eu sei
O meu rádio relógio
Mostra o tempo errado
Aperte o Play...





Eu gosto do meu quarto
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer
Na minha confusão
É o meu ponto de vista
Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado
Pra visitação...




Coisas que eu sei
O medo mora perto
Das idéias loucas
Coisas que eu sei
Se eu for eu vou assim
Não vou trocar de roupa
É minha lei...





Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais
Depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro
Do que eu desenhei...





Coisas que eu sei
Não guardo mais agendas
No meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos
Que eu não sei usar
Eu já comprei...












As vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo
Mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre
Quando tô a fim...





Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Agora eu sei...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

FICAR FICANDO EM LA VENEZUELA - PARTE II

A filosofia do ficar ficando começou com a turminha sem mim em Natal, em 2006. A galera terminou o curso e foi para a Praia da Pipa. Eu tive que ir embora, pois iria ministrar capacitação na beira do Rio São Francisco para minha equipe técnica (às vezes dá uma raiva ser tão responsável!). A galera criou o ficar ficando de tanto ouvir as pessoas na praia falando com gerundismo.
Acordamos cedo para ir à Venezuela. Robson locou uma Zafira com motorista. Fomos em cinco: eu, Robson (nosso fotógrafo oficial), Van, Emerson e Fa. Gastamos R$ 25,00 por pessoa, com o carro pegando a gente na porta do hotel. Logo que entramos Emerson, nosso DJ, colocou um blues e seguimos viagem. Para entrar na cidade de Santa Helena, fronteira com o país, não precisa de passaporte, mas exigem o cartão internacional de febre amarela, vacina que tem que ser injetada no mínimo dez dias antes da visita ao país. A estrada é linda com paisagem cheia de montanhas e com tribos indígenas com suas terras demarcadas, É o pé dos Andes. Teve uma hora que Emerson ficou viajando na paisagem e disse que ela parecia com a tela de abertura do window XT. E não é que ele tinha razão! Durante a viagem tínhamos que resolver um problema: Emerson e eu não tínhamos o cartão de vacinação contra a febre amarela, apesar de sermos vacinados. O motorista deu o "velho jeitinho brasileiro" - tomamos a vacina no posto e o motorista conversou com o guarda que liberou a nossa passagem - e sem "molhar a mão do guarda", coisa que não faço de jeito nenhum. Quando chegamos em Santa Helena descobrimos que era feriado nacional. A cidade estava cheia de tanques de guerra e iria acontecer um desfile cívico.

A cidade parece um verdadeiro faroeste. É o paraíso das compras e da gasolina (que se compra com centavos por lá e existem filas de carros brasileiros abastecendo). Quando chegamos lá trocamos o real pelo bolívar. Nunca vi tanto zero num só nota. Parecíamos que estávamos milionários. Compramos bebidas, pen drives, mochilas. Um litro de tequila que aqui custa R$70,00, lá custa R$27,00. Como o comércio iria fechar em uma hora e meia saímos correndo comprando as coisas debaixo de chuva. Como tudo ia fechar, compramos uma caixa de isopor, enchemos de gelo, cerveja latão e enérgico (que lá tem lata de um litro). Pegamos esta caixa de isopor e saímos andando pela cidade, dançamos na chuva e Van inventou de arrumar o cabelo no espelho de um carro que tinha um general dentro. Ele abaixou o vidro e deu uma bela encarada na Van que tratou de sair rapidinho dali. Fomos atrás de um lugar para almoçar e encontramos um restaurante de um colombiano. Foi o dia que consegui comer durante a viagem: sopa de galinha caipira. Lá encontramos uma figura incrível que se dizia da embaixada do Brasil na Bolívia. Também assistimos o desfile cívico dos tanques de guerra.



Robson correu para tirar fotos e uma mulher puxou o braço dele e começou a fazer uns grunhidos e fazendo gestos para ele não tirar fotos. Ela era muda e depois o pessoal veio falar que se tirássemos fotos poderíamos correr o risco de sermos preso. É um clima de estado ditatorial, mas a população idolatra o presidente Hugo Chávez e apoiam as ações dele. Saímos de Santa Helena umas quatro horas com o motorista impressionado como arrumamos coisa para fazer na cidade. Paramos na fronteira para tirar várias fotos. Durante a viagem abrimos a garrafa de tequila e fomos bebendo com energético. Era um pulando em cima do outro dentro do carro para pegar a cerveja que estava com o Robson no banco detrás. Chegamos no hotel totalmente loucos de cerveja e tequila e fomos nadar na piscina. Até tentamos ir no show do Roupa Nova, mas não conseguíamos sair do quarto conversando e se curtindo. Van e Fa viajaram de madrugada. Eu, Robson e Emerson fomos no dia seguinte e pegamos o vôo junto com a banda. Emerson disse que ainda bem que não fomos no show, pois com certeza os caras iriam nos reconhecer, pois íamos pagar tanto mico que eles não esqueceriam!



Essa figura diz que é da embaixada do Brasil na Venezuela!



Dançando na chuva en la Venezuela!








Parada para pipi! Marcando território!







Paisagem de Windows XP






Não vejo a hora de viajar novamente com essa galera que mora no meu coração e não paga aluguel!


FICAR FICANDO EM LA VENEZUELA - PARTE I

Hoje li um comentário sobre meu blog vindo da Venezuela e lembrei que ano passado estive em Santa Helena, cidade da fronteira com Roraima. Mas essa viagem começou em Boa Vista, capital de Roraima. É incrível ver uma cidade tão bonita e organizada e ao mesmo tempo tão longe de tudo. Fora a jornada de avião: sai de Aracaju, escala em Salvador, conexão em Brasília, escala em Manaus e daí Boa Vista. Em Manaus quase tive um troço quando vi o Rio Amazonas do avião. Minha vontade era de descer por lá mesmo. Fui para Boa Vista para o último encontro do Curso de Capacitação em Fundos Socioambientais Públicos, com o FNMA, com minha linda parceira de viagem Suany e ao encontro da turminha do "ficar ficando": Van, Deia, Robson, Emerson, Fa e Nazaré. Na chegada fomos à festa junina da cidade no camarote da prefeitura. A festa de lá é no mesmo estilo da de Parintins, com o mesmo tipo de música. Só que em menor proporção. As músicas contam histórias do estado por meio das danças. Muito bonito de ver.


Pela cidade passa o Rio Branco que tem uma orla toda organizada com barzinhos e uma bela vista (sem trocadilhos) do rio - é a Orla Tauamanan. O ecossistema amazônico ao qual estamos acostumados, com grandes árvores e floresta não existe por lá. É um ambiente de transição entre floresta e cerrado com buritis imensos e região bem plana. Quarenta por cento da população é de maranhenses e o resto de imigrantes do sul do país. Os próprios moradores dizem que "a coisa mais difícil de encontrar em Boa Vista é alguém nascido em Boa Vista". É uma cidade com muitas oportunidades, salários bem pagos e emprego disponível pelo fato do isolamento territorial. E isso a gente sente no ar: isolado. Tem um centro de turismo muito bem cuidado. Nunca entrei em um banheiro público tão cheiroso. O centro histórico está localizado às margens do rio, onde está a primeira igreja e ao lado a Sede da Fazenda que deu origem à cidade.


O Monumento aos Pioneiros, construído em 1995 pelo artista plástico Luíz Canará, reproduz o perfil do Monte Roraima e conta sobre o período da história do antigo território, com os elementos étnicos que formam o povo roraimense, suas tradições e costumes locais. O Monumento aos Garimpeiros foi feito em homenagem ao grande período em que o garimpo movimentava a economia local, na década de 70 e 80. Durante a semana tivemos aulas todos os dias e escapávamos um pouco à noite. Os preços dos hotéis não são tão caros e não se gasta muito na balada também. Tivemos dificuldade com as comidas nos restaurantes, pois eram muito gordurosas e com pouca salada. Mas sempre achávamos cerveja gelada.

A galera do curso ficava impressionada com a gente - ficávamos bebendo e conversando até de madrugada, mas 08:00 em ponto estávamos no curso. Só fugimos um dia que não precisavam tanto da gente para ir ao mercado municipal, onde comprei pimentas e condimentos locais. Lá a gerente do mercado foi atrás da gente para oferecer uma tal "vacina do sapo" que é alucinógena e cura qualquer doença. Pense se essa galera não tem cara e jeito de maluco! No último dia fechamos acordo com a churrascaria que ficava do lado do hotel com telão tocando rock só pra a galera do curso. Eu e Van que organizamos o evento (só pra variar como dizia Raul!). No dia seguinte na despedida choramos juntos e fui para o aeroporto deixando a galera no boteco. Quando estava na fila de embarque me deu uns cinco minutos e fui no guichê da TAM e troquei minha passagem para a segunda-feira e voltei para o boteco. Robson me recebeu com a mão com um pouco de cerveja devolvendo minhas lágrimas. Daí começou a sessão "ficar ficando": Emerson adiou a pssagem logo que cheguei; Robson disse que se Van adiasse a passagem ele também adiaria, e foi o que aconteceu; Fa já tinha adiado a dele.

Resultado: DIA SEGUINTE EM LA VENEZUELA.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

PERFIL DOS SAGITARIANOS - VIAJANTES E EXPLORADORES - Eu caçador de mim



Sagitário, o nono signo do zodíaco inicia-se no hemisfério norte, no fim do outono, quando o trabalho do campo já se encerrou em função da proximidade do inverno e as pessoas passavam a depender mais da caça.



Como um nômade que vai aonde encontra alimento, o sagitariano é independente. O signo corresponde também à busca do conhecimento mais profundo, sobre os outros e sobre o mundo.
A expansão de suas habilidades, especialmente mentais, fundamenta-se na aspiração de transcender sua própria condição humana.
É o signo das viagens e das explorações.
Benevolência e generosidade são marcas características de Sagitário. Elas são personalidades bonachonas. Adoram festas e costumam ser ótimos convivas. Gostam de contar piadas, bem como de discutir questões filosóficas. Têm, de fato, uma cabedal de assuntos dos mais variados, pois pensar e refletir sobre o universo é uma das coisas que mais tendem a fazer.


Expandir os próprios horizontes é um impulso natural. Eles podem dedicar-se a isto de diversas formas, através da religião, viagens, filosofia, estudos superiores... Em todas estas formas veremos que o fim último é o próprio auto-conhecimento. Sua vocação acadêmica esconde uma natureza pouco prática. De tão fascinados que são por assuntos etéreos e místicos, tornam-se muito desorganizados. Vivem adiando os compromissos, pois não conseguem bem se ater a um cronograma. Há quem os considere muito irresponsáveis. Todos os aspectos mais triviais da vida parecem, para eles, pouco interessantes. Se pudessem, ficariam a todo instante a pensar em suas aspirações. Sua franqueza também é irritante, especialmente quando investem-se da tarefa de pregar e ensinar o que sabem sobre o mundo, mesmo àqueles que não querem aprender. São pessoas muito sortudas. Parece que a natureza lhes deu (e continuamente dá) inúmeras oportunidades. Têm possibilidade de sucesso em inúmeros campos da vida, dos negócios à vida reclusa do monastério. Em todos estes campos, a expansão e o crescimento (da empresa, de sua grandeza etc.) serão as conquistas mais marcantes deles. Em relações amorosas gostam de independência. Sua natureza exploratória pode levá-los a serem infiéis.
Em geral, não sentirão qualquer remorso quanto a isso, já que costumam separar bem o amor de suas aventuras passageiras. Na mitologia o signo de Sagitário é representado por um centauro armado com arco, que aponta sua fecha para o céu.
Os centauros são animais meio homem, meio cavalo. O lado homem ergue-se sobre as patas de um animal e aspira sobremaneira espiritualizar-se, negando a parte inferior de seu corpo. A parte animal reage, tornando-o estúpido e grosseiro quando se perde o controle. Esta parte animal também dá aos sagitarianos a tendência a embriagar-se e se entregar-se ao seus instintos mais baixos, vez por outra.

Seu elemento é o fogo, como em Áries e Leão. No seu caso, trata-se de um fogo sagrado, uma chama da espiritualidade que o atiça por dentro e os movem a ideais superiores. Somente quando conseguem conscientizar-se de sua dupla natureza animal e humana, sua flecha torna-se a projeção de sua vida no céu: o elo que lhes permite transcender-se; que os une à sabedoria cósmica a que tanto almejam.
Amor
Sagitarianos estão sempre em busca da melhor opção, nunca descartando nenhuma alternativa. Por isso, podem ser um pouco relutantes em assumir um compromisso sério, são ainda piores para casamentos. Ao mesmo tempo em que tem medo de se comprometer, alguma coisa em sua alma lhe diz que ele tem necessidade de segurança. Isso é um consolo para aqueles que se apaixonaram por um sagitariano; eles geralmente voltam para o lar, ou seja, ele pode ter um relacionamento estável e continuar em sua infinita busca pelo novo em outros parceiros/as. Sagitário não é um signo que pode ser domado, e é melhor você nem tentar. O melhor que você pode fazer é lhe dar a liberdade que ele precisa e deixar claro que ele pode ser sempre ele mesmo com você.

Carreira
O bom-senso e otimismo dos sagitarianos os transforma em ótimos parceiros para o trabalho em grupo. Apostar em novos projetos e realizações é a maior característica desse signo, que imprime ao seu trabalho uma visão mais futurista. A mente do sagitariano associa sua lógica com sua imaginação e o faz ter uma inteligência poderosa, fincada no que há de real, mas capaz de enxergar longe.
Pessoas que nascem sob o signo de Sagitário têm um ótimo discernimento dos problemas. Sua esperança e fé na vida faz dele um persistente. Nativos de Sagitário podem ser bons advogados, ou embaixadores. Sua sensibilidade aguçada favorece o campo das artes, como a fotografia.


Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim
Composição: Luís Carlos Sá e Sérgio Magrão

quarta-feira, 23 de julho de 2008

III EXPEDIÇÃO CAMINHOS DOS GERAES - Guimarães Rosa realmente foi um visionário

Hoje começamos a articular mais um projeto para a ONG: trazer a Expedição Caminhos dos Geraes para ser adaptada para Sergipe.


No ano passado, em novembro, participei de uma experiência incrível, a III Expedição Caminhos dos Geraes, realizada pela Prefeitura de Montes Claros (MG), em parceria com o Instituto Estadual de Florestas - IEF e vários patrocinadores (nossa parece que foi ontem!). Esta atividade tem por objetivo mobilizar participantes de vários setores da sociedade (gestores públicos, empresas privadas e sociedade civil organizada) para sensibilização quanto aos problemas socioambientais e de implementação do turismo sustentável no Norte de Minas Gerais.


Da esquerda para a direita: equipe Grande Hotel; banho na cachoeira da Serra Nova, orientações sobre as unidades de conservação.

O tema foi os 150 anos do Município de Montes Claros. A Expedição partiu de Montes Claros no dia 15 de novembro de 2007, composta por 4 roteiros: Sertão Montes Claros, Veredas, Trem Baiano e Unidades de Conservação. Eu e minha grande amiga Vanessa participamos da equipe do roteiro de Unidades de Conservação, formado por 23 pessoas. Cada carro saía com uma matula com paçoca de carne, rapadura e pinga representado os expedicionário desbravadores do Sertão Mineiro. Foram mais de 960 km percorridos e 9 municípios visitados. Em Monte Azul, aconteceu o encontro dos roteiros Trem Baiano e Unidades de Conservação.

Visitamos cinco unidades de conservação com acompanhamento do IEF: Parque Estadual da Lapa Grande, Parque Estadual Grão Mogol, Parque Estadual Serra Nova, Parque Estadual Caminho dos Gerais e a Área de Preservação Ambiental da Serra do Talhado.

Eu, Vanessa, Robson, Andreia e Anildes nos conhecemos no Curso de Capacitação em Fundos Socioambientais Públicos em 2005. Vanessa, mesmo com a distância Aracaju-Montes Claros, se tornou uma amiga indispensável na minha vida. Ela me ajudou com esse texto. Robson e Andreia são duas figuras indescritíveis, com um astral inigualável, ambientalistas, inteligentes e cheios de vida. Andreia ficou em Montes Claros na organização e Robson foi no roteiro Trem Baiano


Nossa equipe inicial foi composta por Gilberto (dono de uma madeireira), sua esposa Lolita (dentista) e Ricardo (um jornalista muito especial, inteligente, ético, forte e sensível ao mesmo tempo o Ricardo). Como o nosso carro deu problema mecânico a partir do segundo dia, nos separamos e eu fui acompanhando o pessoal da Rede Globo local (no carro tropa de elite) e Van com o pessoal do IEF (no carro tartaruga). Nosso roteiro não teve problemas de relação interpessoal. Pelo contrário, fomos muito unidos, responsáveis e compromissados com os objetivos da expedição, sem perder o humor. Pessoas com pensamentos, formações e atitudes muito diferentes, mas com um grande respeito ao ponto de vista de cada um e vontade de aprender e crescer com a opinião um do outro. Enfim, muita gente boa reunida. Por isso sempre digo que sou abençoada!

Tinha também o lado lúdico e boêmio da viagem onde colocávamos nomes nos carros (diretoria, abadá, grande hotel, tartaruga, tropa de elite e pulguinha-carrapato-piolho) contávamos piada (Ricardo chegou a conclusão que a bromélia é a calcinha do Cerrado porque ela dá abrigo à perereca), tirávamos onda pelo rádio, banhos de rio e cachoeira regados à pura cachaça mineira (valeu Julius e Gilberto!), além de romances velados (esses eu nem vou falar) e a velha e boa cervejinha à noite.

As Unidades de Conservação – Ucs - são áreas naturais protegidas por lei com objetivo de preservar o ecossistemas e a biodiversidade. Geralmente são locais de grande beleza cênica e detentoras de importantes características naturais e/ou culturais, com limites bem definidos, gestão própria e restrições de manejo. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, instituído por lei federal, em 18 de julho de 2000, regula a criação, implantação e gestão das unidades de conservação brasileiras, seja a nível nacional, estadual ou municipal.

Os Parques Estaduais são criados para preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, onde só é permitido o uso indireto de seus recursos naturais como pesquisas científicas, atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e ecoturismo. Todos os Parques Estaduais devem possuir um Plano de Manejo, regularização fundiária e Conselhos Consultivos.

Das UC´s visitadas pela equipe, o Parque Estadual da Lapa Grande é o mais diferenciado em suas características físico-biológicas. Criado em 10 de janeiro de 2004, possui 7.000 hectares, se localizando muito próximo à área urbana de Montes Claros. Situa-se sobre uma importante área cárstica e resguarda um patrimônio espeleológico considerável, um conjunto exuberante de grutas e abrigos. A maioria dessas grutas está localizada dentro dos limites da Fazenda Lapa Grande. Algumas se destacam pelo valor histórico, como a própria Lapa Grande, local de exploração de salitre já nos primórdios da história de Montes Claros. Outras se destacam pelo valor científico: Lapa Pintada, importante sítio arqueológico e a Lapa D’água, com seus espeleotemas raros. Aqui, Vanessa deu uma aula de espeleologia.

O Parque Estadual de Grão Mogol foi criado em 22 de setembro de 1998, com uma área total de 33.324,72 ha totalmente inserida no município de mesmo nome. O parque possui uma composição florística típica e bem preservada. Além do cerrado predominante nas chapadas e dos campos rupestres, encontramos pequenas veredas isoladas, um ambiente incomum na região da Serra Geral. Destacam-se:o cacto discocactus hosrtii, pelo seu endemismo e os campos de sempre vivas pela sua diversidade. Esta unidade de conservação está inserida na bacia hidrográfica do Jequitinhonha e muitos afluentes deste rio possuem nascentes na área do parque, o que aumenta a importância de sua preservação. Grão Mogol qual Grão Mogol!

O terceiro parque estadual visitado foi o da Serra Nova, no município de Rio Pardo de Minas, criado em 21 de outubro de 2003 com 12.658,29 ha. É uma área rica em recursos hídricos, onde se encontram as nascentes do Ribeirão São Gonçalo e dos rios Ventania, Suçuarana, Bomba, Ladim e do Córrego da Velha, dentre outras. Aqui, encontram-se ainda sítios arqueológicos com pinturas rupestres. É o único que não possui problemas com a regularização fundiária, pois toda a sua área é composta por terras devolutas. Aqui, acompanhamos o trabalho dos bombeiros na contenção de incêndios na região. Foi difícil conter a mulherada com tanto bombeiro gato, isso sim!

Criado em 29/03/2007, o Parque Estadual Caminho dos Gerais é a mais nova unidade de conservação da região, com 56.237,37 hectares entre os municípios de Mamonas, Monte Azul, Gameleiras e Espinosa. A proposta de criação desta unidade atendeu a uma demanda da própria população dos municípios, que reivindicou a proteção dos mananciais presentes neste trecho da Serra Geral. A área era pressionada pelo cultivo do eucalipto, pela agropecuária e desmatamento para produção de carvão. Durante os estudos técnicos, o IEF identificou que além da beleza cênica e da presença dos mananciais, a área ainda possuía diversas características de relevância ambiental como a presença de espécies raras, endêmicas ou ameaçadas de extinção. A inspiração para o nome do Parque veio justamente da Expedição Caminhos dos Gerais, que em sua segunda versão (2006), esteve na região e a partir de sua passagem contribuiu para a aceleração do processo de criação da unidade de conservação. No município de Monte Azul existe uma cooperativa que promove cursos de capacitação, possui um centro cultural e comercializa os produtos que produzem. Tivemos um almoço maravilhoso por lá!

A visita a esse Parque mexeu muito comigo. Como a equipe da Rede Globo não havia conseguido as imagens necessárias para a série de reportagens, acordamos as cinco da manhã e fomos ao Parque novamente. Lá conheci melhor duas jornalista incríveis a Laura e a Ana Medeiros. Nossas conversas foram rápidas, mas com lições de vida para todas nós. Inesquecível também foi o nascer do sol e o banho em uma nascente hiper gelada acompanhada do Comandante Jarbas (nosso protetor mor, líder doce e forte, que resolvia todos os problemas) e de Laura. Pensei que ia ter um troço a hora que pulei naquela água gelada. Lá deixei todas as energias negativas que absorvi no ano de 2007 e me senti renovada e purificada. Outra pessoa maravilhosa que encantou a todos na viagem foi o Adailton, gestor desse parque. Foi muito bom saber que outras pessoas ainda acreditam em um mundo melhor, com idelismo, e que podemos contribuir da maneira que nos é possibilitado. O conhecimento e o modo como passava as informações para todos, surpreendeu todo o grupo. São poucas as pessoas que transformam seus ideais em atitudes e Adailton é assim!




Os três parques descritos acima possuem características comuns, impressas pela Serra do Espinhaço, neste trecho conhecida como Serra Geral. O relevo é predominantemente montanhoso, com chapadas, morros e picos. Por esse motivo e por representarem áreas de nascentes, é comum encontramos belas cachoeiras e cascatas em seus limites. A flora é de pequeno porte e representa área de transição entre o cerrado e caatinga, portanto encontramos tanto as famosas árvores de médio porte e galhos retorcidos típicas do primeiro bioma, como bromélias e cactáceas comuns no segundo. São freqüentes também os campos rupestres com sua vegetação predominantemente herbácea. Estes parques representam ainda importantes refúgios para animais típicos deste habitats e que se encontram ameaçados de extinção como: a onça parda, o lobo-guará, o tatu-canastra e o tamanduá bandeira, dentre outros.

Na Serra Geral, também foi visitada a Área de Proteção Ambiental do Talhado, em Serranópolis de Minas. Trata-se de uma área ainda muito bem conservada, entrecortada pelo rio Mosquito, que forma, ao longo de sua descida pela serra, belas cachoeiras, corredeiras e piscinas naturais. O “talhado” foi utilizado antigamente como rota de passagem entre as duas bordas da Serra. Reza a tradição que foi ali que a coluna Prestes aplicou a famosa estratégia do Laço Húngaro nas tropas governistas. Além disso, o local guarda lendas, crendices e é local de romarias e homenagens à Nossa Senhora, para os católicos. Apesar dos impactos gerados pela população local no primeiro trecho da trilha, a região ainda é muito conservada. Dentre as recomendações da equipe, está a criação de um parque na região.



Na trilha da APA a nossa querida jornalista Ana Medeiros quebrou o dedo do pé e foi escoltada pelo Cabo Júlio e Ricardo. Até hoje tiro onda que ela quebrou o dedo só para ser carregada e mimada. E isso foi até no final, quando fomos tomar nossa cervejinha final. Olha ela aí com Cabo Júlio e o Comandante Jarbas e sob o monitoramento do Ricardo.



As UCs estão cumprindo comalguns objetivos de conservação, no entanto percebe-se problemas como infra-estrutura própria precária, recursos humanos escassos, regularização fundiária inexistente ou incompleta e ausência de Plano de Manejo e Conselho Consultivo. Por isso, nenhum dos Parques visitados está aberto à visitação pública. Aliás, esta situação parece ser comum em Minas Gerais, já que, dos 33 parques já criados no estado, apenas 7 estão abertos à visitação.

Alguns impactos ambientais foram identificados durante a Expedição como queimadas, pichações nas inscrições rupestres, lixo, retirada de lenha e areia, carros sendo lavados nos rios dentre outros.







Quando chegamos em Montes Claros apresentamos nossa experiência e era visível como todos se tornaram amigos, companheiros e unidos. Estávamos de alma lavada! Ainda ganhei da Carolina um livro lindo Capítulos Sertanejos que descreve os lugares que passamos e a garrafa de pinga da minha primeira equipe que estava na matula.















Na volta para Aracaju, peguei o avião em Belo Horizonte e uma carona para lá com o cabo Júlio e o jornalista Juvercy. Eu que já acreditava ter vivido momentos inesquecíveis, tive uma aula sobre os problemas de segurança pública que enfrentamos no Brasil e sobre ética no jornalismo de dois personagens de caráter e responsabilidade perante a sociedade. Meninos, nunca vou esquecer nossa conversa e defendo os policiais e os jornalistas com unhas e dentes agora!

A III Expedição Caminhos das Geraes foi uma lição de vida!

Até a próxima, quem sabe!